Segurança

                        É preciso que todos os praticantes do aeromodelismo comecem a desenvolver uma preocupação com a segurança.
                       É impressionante a negligência de determinados colegas ao manusear seu equipamento no campo. A negligência no controle das freqüências utilizadas e o tráfego desordenado sobre quem está no solo, vez por outra, provocam a queda do modelo sobre os pilotos, ou sobre os espectadores. Pilotos posicionados na frente do hélice ajustando o motor, decolagens diretamente da área destinada a táxi, vôos rasantes na pista onde há colegas preparando-se para a decolagem ou tentando atravessar para pegar seu modelo, enfim atitudes realmente "de arrepiar".
                      O "estrelismo", o "esnobismo" e a falta de companheirismo, infelizmente vem tomando o lugar do cavalheirismo, da boa educação e do espirito de amizade daqueles que dedicando-se ao aeromodelismo.
                      Por outro lado, felizmente, existem ainda muitos colegas que comportam-se de forma correta e responsável, os quais raramente são vistos executando alguma das atitudes mencionadas acima. Cabe a esses o dever e a responsabilidade de orientar os novatos para que não proliferem em nosso meio maus aeromodelistas. Antes de mais nada devem dar o exemplo. O aluno segue o instrutor em tudo ! Afinal, via de regra, o novato é como um bloco de pedra bruta, se o instrutor for um artista o resultado será uma obra de arte, caso contrário teremos um pedregulho em nossa pista...
                     Quando formos ensinar alguém precisamos ter em mente que aluno de hoje será o nosso colega de amanhã, portanto não ensine a ele nenhuma atitude da qual venha se arrepender no futuro. Especial atenção devem ter os responsáveis pelos clubes e os encarregados de promover eventos que congreguem aeromodelistas. Essas pessoas, às vezes, receosas de se tornarem antipáticos aos colegas, relutam em fazer valer as normas de segurança durante uma seção de vôo. De certa forma eles estão certos, não é nada agradável ter que bater no ombro do colega e pedir para que ele não voe sobre as pessoas e permaneça dentro do perímetro da pista.
                    O aeromodelista deve saber que existem regras básicas no campo que independente de cobrança devem ser obedecidas por todos. Vejamos algumas delas :
                    No solo. - Sempre que for dar a partida no motor posicione a saída da surdina em direção oposta aos espectadores ( ninguém gosta de "banho de fumaça" )
                                   - Após dar a partida no motor, posicione-se atrás do hélice para realizar ajuste no motor.
                                   - Não acione o motor com os dedos, use um "chiken stick" , starter elétrico ou na falta desses o cabo de uma chave de fenda.
                                   - Evite deixar o Ni-Starter ( bateria da vela ) preso na vela somente pela pressão do contato, se ele cair sobre o hélice com o motor funcionando, só Deus sabe aonde ele vai parar!
                                  - Se possível peça ajuda nos procedimentos acima, pois caso o motor "dispare" no momento da partida, a intervenção de um anjo-da-guarda é bem-vinda para segurar o avião.
                                  - Se você estiver compartilhando o canal do seu rádio com outro colega, quando for a vez dele voar, procure ficar próximo dele quando ou num lugar onde ele possa lhe ver, pois se o avião dele "lenhar", sempre vai pairar no ar aquela dúvida se não foi você que ligou o seu rádio provocando a queda.
                    Em vôo. - Planeje seu vôo. Observe os colegas que estão no ar. Veja que tipo de vôo eles estão fazendo.
                                  - A menos que você goste de "fortes emoções" não decole se tiver mais de quatro colegas voando. Espere um pouquinho que certamente a maioria vai pousar junto e céu será todo seu, nem que seja por alguns breves minutos...
                                  - Se você estiver voando e de repente decolar um daqueles "kamikases" cujo rádio tem uma trava na parte superior do stick do motor, não titubeie, pouse na primeira oportunidade ( caso você a consiga...). Se não conseguir pousar, aceite um conselho fique bem juntinho dele. Depois de pousar, proteja seu avião e vá para dentro do carro até a "figura" pousar. Caso esse tipo de piloto seja a maioria no seu clube, troque de clube, as vezes é melhor andar uns quilômetros a mais de carro e voltar inteiro para casa...
                                 - Todo mundo gosta de dar rasantes na pista, se esse for o caso, tente sugerir aos colegas que estão voando, um sentido único de tráfego, isso vai facilitar as coisa para todos, é claro contando que eles concordem com você...
                                 - Cuidado com aqueles que gostam de ficar praticando "U-control" no meio da pista! Isso vai transformar seu vôo num verdadeiro "globo da morte horizontal". Suba seu modelo até uma altura segura diminua o motor e curta um vôozinho planado sem stress. O cara lá embaixo logo vai cansar e você terá sua chance de dar uma passada na pista.
                                 - Procure manter seu vôo num quadrante a sua frente de modo a formar um angulo de não mais que 60º em relação ao solo. O angulo ideal para uma visão perfeita do modelo é de 45º. Lembre-se a 90º o avião está sobre a sua cabeça e ângulos maiores você estará sobrevoando o pessoal que esta atrás de você!
                                - Nunca faça "mergulhos" com o avião na sua direção ou de qualquer pessoa. Tenha em mente que os rádios podem falhar de uma hora para a outra, as superfícies trancam sem mais nem menos e ai só resta jogar o transmissor longe e se atirar no chão...
                                - Se o modelo que você esta pilotando é um avião, voe como um avião! Não faça manobras rápidas e nervosas. O bom piloto se conhece pela "limpeza" dos comandos. Aviões nervosos denunciam pilotos inexperientes! Faça manobras firmes e decididas, não comece um loop e termine num oito cubano permeado de rolls! Outra coisa se você gosta muito de fazer "torque roll" aceite a minha sugestão compre um helicóptero, vai ser muito mais fácil... Afinal o esporte que você está praticando é AEROMODELISMO, isso quer dizer que você está pilotando um "modelo de avião" e que deve voar como um avião. Por acaso você já viu algum avião real fazer "torque roll"?
                                - Tenha autocrítica não tente realizar manobras que pilotos experientes fazem. Se você gosta de acrobacias, consiga um bom instrutor e treine bastante que você chega lá. Lembre-se que o modelo para acrobacia deve ter um ajuste preciso e delicado, cada modelo tem sua própria característica e fatalmente executará algumas manobras melhor do que outras.
                                - Conheça o avião que esta pilotando, saiba aonde anda o CG, verifique a velocidade de stall, use o motor com parcimônia, "trime" o avião colocando-o numa altura segura, contra o vento e ajuste-o para que se mantenha em uma atitude retilínea e nivelada sem que voce estaja atuando nos controles. Verifique o quanto é necessário atuar nos "trimers" dos sticks para que o modelo mantenha-se nessa atitude. Quanto mais no centro ficarem os "trimers" mais "certinho" estará o seu avião.
                                - Não abuse da quantidade de comando nas superfícies, lembre-se que um aileron com muito comando produz um elevado arrasto, ou seja, ocasiona uma perda de sustentação da asa. Quando você atua no aileron você esta "estolando" o lado da asa que o aileron subiu e aumentando a sustentação no lado oposto onde o aileron baixou . Por isso o avião faz a curva, metade da asa "cai" e a outra metade "sobe".
                               - Outro item importante que vai garantir um fim de semana com vôos tranqüilos é uma cuidadosa inspeção nas baterias do rádio. Fique atento para packs com o fio negativo que apresenta uma coloração escura ou azulada. Isso indica que alguma célula no pack vazou, indicando que você deve providenciar o mais breve possível a substituição do mesmo. Geralmente isso ocorre quando o pack é fica muito tempo ligado ao carregador. Estou falando para o pessoal que deixa o rádio carregando durante 15 horas, depois usa o rádio durante 30 a 40 minutos no campo e depois aplica mais 15 horas de carga no pack...
                              - Se você é novato no aeromodelismo tenha o máximo de critério para escolher seu instrutor. Lembre-se que ele será o seu "guru" na prática do modelismo. Escolher um instrutor é como escolher uma namorada, você não é obrigado a pegar a primeira que aparece na sua frente... Observe o pessoal que está voando. Observe o modo de pilotar de cada um. Observe as conversas. Evite escolher como instrutor um daqueles camaradas que "sabe tudo", entende de aerodinâmica, de motor, de rádio, de combustível, de acrobacia e como se não bastasse fica a tarde toda falando com um e com outro disso e daquilo... Lembre-se do ditado árabe " O tolo fala o sábio escuta "... Se você encontrar um piloto que faça uma boa decolagem deixando o avião correr na pista e elevar-se gradativamente ganhando altura numa trajetória retilínea; que durante o vôo mantenha o avião num vôo suave e preciso; que utilize constantemente o stick do acelerador, ora aplicando motor ora reduzindo; que durante o procedimento de pouso traga o avião nivelado ao entrar na pista mantendo-o assim até tocar a mesma sem sobressaltos, pulos ou perda a alinhamento do eixo da pista, certamente esse será um bom instrutor.
                             Muitas outras coisa poderiam ser ditas a respeito da segurança na prática do aeromodelismo, mas acredito que se conseguirmos operacionalizar somente essas já teremos dado um grande passo no caminho de um esporte mais saudável e seguro para todos.

Mano

 

 

  Interferências de telefones celulares.

 

                 Alguns textos relatando interferência de telefones celulares em equipamentos de RC, tem aparecido na Internet, sobretudo nos Foruns de debates sobre rádios. Chamou a minha atenção um destes relatos porque tem como fonte um artigo publicado na revista argentina EL-AEROMODELISTA, cuja fonte citada é uma publicação norte americana RC/REPORT MAGAZINE e escrito por TONY STILLMAN proprietário da RADIO SOUTH uma grande empresa de manutenção de RC naquele país.
                 O caso em questão, informa TONY STILLMAN, aconteceu durante um vôo normal que um aluno da faculdade de Mecânica e Engenharia Aeroespacial da Universidade de Oklahoma, fazia num dos modelos da escola utilizando um rádio Futaba 9Z ( sintetizado ) no modo PCM. Súbitamente o avião sofreu uma interferência severa e caiu.
                 Analisando o que poderia ter causado a queda, Tony lembrou que no exato momento da interferência alguém próximo tinha acabade de receber uma ligação pelo telefone celular. Intrigado se esta poderia ter sido a causa do problema resolveu fazer alguns teste em seu laboratório.
                  Colocou alguns celulares de marcas diferentes próximas a um transmissor de RC e ficou observando os servos do avião. Enquanto os telefones permaneceram apenas ligados nada aconteceu, mas no momento em que um deles recebeu uma chamada os servos apresentaram fortes tremores indicando que uma interferência severa estava acontecendo no rádio.
                  A experiência foi repetida variando-se a distância do rádio em relação aos telefones e foi observado que a interferência era maior quando o rádio estava entre 30cm até 150 cm dos telefones. A medida que a distância aumentava a interferência diminuia até desaparece completamente.
                  Utilizando um medidor de intensidade de sinais, foi constatado que no momento que o celular recebe a chamada ele emite um sinal muito forte que rápidamente vai diminuindo chegando a aproximadamente 10% do sinal inicial no momento que começa a tocar.
                  No artigo da revista é mencionado que foram observadas interferências também em "receptores" não PCM??? Provavelmente foi erro de tradução porque a experiência estava sendo feita com TRANSMISSORES, já que o receptor seja PCM ou PPM ( FM ), estaria longe a bordo do modelo e não teria como ser interferido...
                   Nossa reflexão técnica em cima do fato é a seguinte:
                   1. Sabe-se que a faixa de freqüências que operam os celulares situa-se na banda de UHF, ou seja, 800 a 900MHz e sinais desta freqüência não tem como serem captados pelos receptores de RC operando em VHF - 72 MHz.

                   2. É lógico pensar que se houvesse uma mínima chance dos sinais de RF dos celulares serem captados por nossos receptores, então simplesmente não seria possível sequer ligar um RC num raio de alguns quilômetros de uma ERB ( Estação Rádio Base ) ou torre onde estão as antenas fixas da telefonia celular.

                   3. Conforme o relato do Tony Stillman a interferência ocorreu NUM  TRANSMISSOR MODELO 9ZAP DA FUTABA que era justamente o que estava mais próximo do celular que recebeu a chamada. Por isso creio que a revista argentina errou ao mencionar que receptores FM também tenham sofrido interferência. Certamente foram este mesmo tipo de rádios ( 9ZAP DA FUTABA ) operando em FM que também foram interferidos.

                   4. O texto menciona que os rádios interferidos, independente do modo que estavam operando ( PCM ou PPM ( FM )), ERAM TODOS RÁDIOS SINTETIZADOS ( 9ZAP DA FUTABA ) . Rádios sintetizados são aqueles que não utilizam cristal para determinar o canal de operação, e no lugar do módulo de RF onde fica instalado o cristal nos transmissores convencionais ( aquela caixinha preta que fica encaixada na parte trazeira do rádio ), utilizam um módulo que através de circuitos digitais ( PLL ) produzem a freqüência na qual o rádio vai trabalhar. Estes circuitos geram um sinal com uma precisão incrível, mas tem o incoveniente de serem muito sensíveis a campos elétricos externos porque trabalham com vários valores de freqüência internamente ( multiplicadores ). Talvez ai esteja o calcanhar de Aquiles deste tipo de rádio.

                   5. Quem já estudou um pouco de Física sabe que uma onda de rádio, seja qual for a freqüência, propaga-se no ar através da geração de campos magnéticos e campos elétricos, "interligados" perpendicularmente uns com os outros. Ora um telefone celular é uma pequena estação transmissora/receptora de rádio, e quando recebe uma chamada, ativa o seu transmissor para contatar com a ERB que o está chamando, nesse momento como foi observado pelo Tony quando realizava a experiência, o celular envia a sua máxima potência porque ele não "sabe" a que distância está a ERB que o chama. No momento que a conexão é estabelecida, tanto a ERB como o telefone celular trocam uma série de informações sobre a qualidade da conexão e ambos se programam para utilizar o mínimo de potência que permita uma conversação com boa qualidade de som para os usuários. Isto acontece ANTES que o telefone toque! Quer dizer, quando você atende a chamada pode ter certeza que a tecnologia preparou a melhor condição possível, no momento, para você conversar!
                      Desculpem esse desvio do assunto principal, mas acho esse sistema inteligente muito legal para deixar de mencioná-lo.
                      Então o que importa para nós é que esse pico de potência que o celular transmite, gera um campo eletro-magnético tão forte que os sensíveis circuitos do sintetizador do rádio PODERÃO ser afetados, provocando o funcionamento irregular do mesmo.
                      Bem, teorias a parte, mesmo não tendo chegado a conclusões definitivas sobre como se dá a interferência, resta para nós aeromodelistas saber duas coisas: Primeiro que este tipo de interferência NUNCA foi observada em outras marcas de rádios, somente no 9ZAP DA FUTABA; segundo que não há nada que comprove que os celulares comprometam a segurança do vôo, portanto nada de pânico se você estiver voando e o telefone tocar...